Nas últimas semanas, uma série de crimes desumanos chamou a atenção da sociedade brasileira. Casos como o da dentista queimada dentro de seu consultório em São Bernardo do Campo ou o da turista estuprada oito vezes dentro de uma van
no Rio de Janeiro chocam pela extrema crueldade com que os criminosos
trataram suas vítimas e levantam questões sobre como esse tipo de
comportamento é possível. O que leva alguém a deixar qualquer resquício
de empatia de lado e agir de modo tão sádico com outro ser humano?
As discussões sobre os motivos que levam um indivíduo a agir
violentamente costumam ser polarizadas entre duas posições radicais,
ideologicamente opostas. De um lado, alguns defendem que o comportamento
cruel é uma questão de caráter. Os criminosos seriam naturalmente ruins
e, por isso, irrecuperáveis. Do outro lado, alguns defendem que os
indivíduos violentos são apenas vítimas do ambiente em que cresceram,
traumatizados por uma sociedade desigual e insensível. As pesquisas mais
recentes mostram, no entanto, que a crueldade é mais do que apenas uma
questão de maldade inata ou de traumas de criação. Na verdade, um novo
campo de estudos — a neurocriminologia — mostra que o comportamento
violento tem uma série de fatores que se originam em um único lugar: o
cérebro humano.